"Eu so patetica"

quarta-feira, 10 de maio de 2023

Dias atrás eu entrei em crise, por causa de uma corrente do Instagram. Foi aquela mesma dos personagens com a sua energia. Uma coisa que preciso dizer sobre essa corrente é que nunca pensei em mostrar as qualidades dos personagens como a representação de quem sou. Era sempre guiada pelos defeitos, tipo o Chidi(com quem muito me identifico), de The Good Place, que é uma pessoa tão perfeccionista que muitas vezes trava por medo de fracassar(fico apavorada só de escrever essa palavra). Então, não era sobre ser 100% o personagem, mas sobre algumas características que eles tivessem que me fizessem sentir representada. E pensei logo nos defeitos. Por que se tem uma coisa que eu sou, é exigente comigo mesma e sempre acho que tô fazendo tudo errado, então é mais fácil elencar minhas imperfeições, sempre! 

Só que a primeira personagem que me veio a cabeça de colocar na minha lista foi a Fleabag. Se você fizer uma busca com o nome dela no meu perfil do twitter, vai me ver umas três vezes, no mínimo, comentando esse fato. Era uma coisa que eu confidenciava pro meu seleto grupo de seguidores com um pouco de vergonha, mas com muita sinceridade. E nunca vi ninguém falar isso na minha bolha, então eu realmente achava que tava passando vergonha na internet, que é algo que faço bastante. Nunca quis parecer legal quando falei sobre isso, porque eu definitivamente não sou legal. Não sou engraçada e espirituosa como ela, pelo contrário, sou séria demais. Mas tem uma coisa que eu sou demais Fleabag: perdida. Tudo que ela apronta é muito algo que eu faria. Eu amargaria lutos consecutivos como uma penitência. Teria daddy AND mommy issues. Sofreria com todas as lembranças da minha melhor amiga "suicida". Me apaixonaria pelo padre e alimentaria esse sentimento só pra me ver falhar em mais uma coisa. Não haveria controle pros problemas que arranjaria pra mim mesma(e há? #questões). Autodestrutiva, autossabotadora. Ninguém me ensinou a controlar. Aliás, é o contrário: me ensinaram tanto a me conter, me reprimir, me disseram tantas vezes que eu era "geniosa demais" que eu meio que virei um buraco negro. Não consigo mais me segurar. Tão intensa que nada me escapa, não sobra espaço pra refletir. Não quero mais perder nada, quero sentir e viver tudo. Também não vou fazer disso um momento de mea culpa em que percebo que não posso mais viver desse jeito e que vou me esforçar pra mudar, porque não vai adiantar. Talvez um dia eu consiga mudar isso, mas não vai ser hoje, nem amanhã. 

 Então ser a Fleabag, pra mim, era admitir que eu cometo muitos erros(mesmo que com algum carisma), admitir que sou muito humana, uma pessoa meio merda. Mas então apareceu uma, duas, dez pessoas se identificando com ela e eu entendi o recado: era bonito se identificar com a personagem! Aquilo me chocou demais! Dou um sorriso enquanto escrevo isso. Como somos patéticos, né? Entrei numa espiral de: se a visão que tenho de mim mesma é distorcida e a visão dos outros sobre mim também o é, QUEM EU SOU? Não posso com essas coisas muito filosóficas porque eu começo a viajar demais. Na época da faculdade, tive um semestre de filosofia e foi um sofrimento. Odiava as aulas, jurava que estava atrás de todo mundo porque nada fazia sentido, mas sempre tirava as melhores notas. O que prova que eu sou viajada demais mesmo, não é nem tipo. Tava me achando toda especial, o alecrim dourado, única(mas sem arrogância alguma, por favor, entendam), e pra quê? Ter um personagem que tem muita a sua vibe não é nada. Não tem uma lição aqui, apenas que no fim das contas, ninguém quer parecer comigo, e só eu pareço comigo mesma. Só eu tenho a minha energia em 100% do tempo. Então isso tudo é pra concluir que essas porcarias de correntes acabaram pra mim(ou não, porque como vocês leram nesse texto, eu tenho umas atitudes meio merdas mesmo e segue em frente, né?)
Leia Mais

Você sabe

sábado, 6 de maio de 2023


Você sabe que detesto acordar sem você. Olho pro lado e você não está. O mundo fica mais difícil, eu já percebo que vai ser um dia ruim. E não é porque eu quero, porque eu gosto, é que minha ansiedade patológica(ou seja lá o que for esse transtorno) me domina. Você não me deixa um bilhete dizendo onde foi. Eu pareço uma menina assustada, perdida sem os pais. Me desculpa ser tão dependente. Luto para ser mais forte, mas simplesmente não consigo. O pavor me domina e eu só consigo sentir angústia. A psicóloga diz que não me aceito mas como posso aceitar esse arremedo de quem um dia fui. Forte, suficiente, inabalável. Queria voltar a ser aquela. Ela estava mais preparada, menos suscetível. Me magoa muito que você não tenha me avisado. E você sabe.
Leia Mais

After Hours - Martin Scorsese

sexta-feira, 5 de maio de 2023

Eu dei play nesse filme esperando algo singelo, no estilo carta de amor a NY, mas não foi nada disso o que aconteceu. E eu tô bastante chocada! Juro! Acredito que, por conta da meu transtorno de ansiedade, o filme bateu ainda mais pra mim. Porque a cada nova situação que parece comum mas que na verdade se mostra uma ocorrência bizarra na vida do Paul, eu ficava completamente apavorada! Tem uma cena, já pro final do filme, que pensei que realmente o Scorsese havia, um dia, se metido com terror. O filme não é classificado como terror mas eu vou sempre considerar ele terror. Porque assim como em All My Friends Hate Me(2021)(que indico demais, também, mas esse se declara terror), a forma como as coisas acontecem seria o que de pior poderia acontecer comigo, sendo essa pessoa que tem TAG e odeia brincadeiras de mal gosto, mesmo quando elas vem trazidas pelo Universo.
O Griffin Dunne era muito meu crush quando eu era criança e não tinha nome pra essa fascinação que a gente sentia por um famoso. A gente só dizia que "ele é meu" e ponto. Todas as nossas amiguinhas estavam cientes de que éramos apaixonadas por tal celebridade. Em Who's That Girl(1987), o personagem dele usava óculos de grau, o que deixa qualquer homem uns 200% mais gostoso. Ele era lindo demais!
❝ Eu só quero viver. ❞
Assisti esse filme de madrugada, no escuro, enquanto M. dormia, o que acho que foi acertadamente uma forma de absorver ainda mais o que vi. Fiquei imaginando que tudo aquilo devia mesmo estar acontecendo a Paul Hacket, naquele exato momento em NY, enquanto eu assistia, como um reality show que todo mundo ia dizer que era exagerado nas situações e, consequentemente, achar ruim. Mas como nada faz muito sentido quando se trata dos pavores criados por meu cérebro descompensado e dos meus gostos, eu acreditaria em tudo e seguiria achando muito bom. After Hours
Dirigido por Martin Scorsese
EUA, 1985
Disponível em Looke e NetMovies.
Leia Mais