Eu gosto de coisas estranhas desde muito cedo na minha vida. A lembrança mais distante sou eu, com meus 6 anos, olhando admirada a capa do álbum
Captain Fantastic And The Brown Dirty Cowboy, do
Elton John, que meu pai tinha. A capa desse disco me fascinava e dava medo numa mesma proporção, e eu passava muito tempo olhando cada mistura bizarra que o desenho proporciona. Eu lembro de ficar maravilhada, de não conseguir tirar os olhos daquilo. Não sei se ali foi plantada a sementinha do inusitado em mim ou já existia na minha substância primordial a propensão a isso. Só sei que foi assim, e meus gostos por terror, true crime e a excentricidade de modo geral fazem parte de um pedaço grande dos meus interesses, das minhas curiosidades, e acredito que todos estejam ligados por essa essência esquisita minha.
Então que eu andava ali pela aba Filmes do finado
legendas.tv(saudade!) e vi um pôster diferente, estranho, nada comum perto do tanto de conteúdo comercial que formava aquele amontoado de imagens. Eu não sabia nada a respeito daquilo, nada a respeito da artista, mas baixei. E nada me prepararia pro dia em que, tomada pela agonia que acordar todos os dias me proporciona, finalmente dei play no documentário. Ver as obras da Laurie Lipton é como levar uma rajada de um elemento bizarro em enormes proporções. São obras que abraçam o anormal em todo o seu esplêndor, em toda a sua vibração, é como se intoxicar com litros de perversidade. Eu tô muito fascinada! Queria ver todos ao vivo e tenho certeza que ficaria HORAS contemplando cada detalhe do desenho, e eu me tranformaria na Claudinha de 6 anos, experimentaria exatamente aquela sensação.
"Estamos alimentando a besta que provavelmente nos destruirá."
Esse filme é um curta de pouco mais de 30 minutos, que deixou um gigantesco gosto de quero mais, porque preciso saber tudo a respeito de Laurie Lipton agora! O defeito dele é bem esse: não é um longa. A sensação é de que assisti ao trailer de um filme que vai ser lançado e eu certamente vou ver no cinema. Mas penso que justamente por me deixar tão sedenta de Laurie Lipton, definitivamente o curta alcançou um propósito. E um propósito digno, pois tão pouca coisa é capaz de instigar a gente, nessa época de franquias e remakes desastrosos! Vou deixar a sinopse aqui porque gosto muito dela e acho que tem que ter um tino bem específico e especial pra fazê-las. Abaixo.
Sinopse: Com milhões de pequenas pinceladas de seu humilde lápis, as imagens assombradas de Laurie Lipton buscam respostas para alguns dos temas mais desconfortáveis da nossa cultura. Mas o que a leva a viver uma vida isolada em desenhos não é preto nem branco.
Essa última arte definitivamente foi minha favorita, dentre o pouco que vi do trabalho da artista, principalmente levando em conta a breve referência que Laurie fez a ela, no documentário. Por isso a deixei pro final, pra fechar com o que achei de mais assombroso e incessante no mundo, em face da minha própria vivência. Abaixo.
Love Bite: Laurie Lipton and Her Disturbing Black & White Drawings
Dirigido por
James Scott
Estados Unidos, 2016
Em
infelizmente indisponível nos streamings, apenas por meios alternativos.
Uau! Eu adoro documentários sobre artistas, mas é sempre isso: por mais longo que seja, eu sempre fico querendo mais. Esse parece ser muito interessante, depois vou marcar no mubi, se tiver. vai que entra na grade. beijos, Re Vitrola
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