A Flor chegou pra gente já na esteira de um luto: a perda da minha primera poodle, Baby. Digo chegou porque não escolhemos. Essa história nunca ficou muito clara, mas achamos que, meu pai, vendo a tristeza da minha mãe pela perda da outra cachorra(que era minha, mas tinha escolhido minha mãe pra ser tutora dela), se mancomunou com a mãe dele, minha querida avó Janda, e ela chegou coom a Flor, um dia, e disse que seria uma guarda compartilhada. Iria passar temporadas conosco, e outras com ela. Um filhotinho lindo e pequeno, que nos encantou imediatamente. E que nunca mais saiu da nossa casa. Chegou como Florzinha, mas logo nos acostumamos com apenas Flor. Ela se tornou a dona daquele lar, e dos nossos corações. Eu a criei, eduquei. Ensinei onde fazer xixi, cocô, a parar com um 'não'. Me apeguei a ela, mas era jovem, e tinha muitas coisas pra experenciar, então nesse primeiro momento não éramos tão próximas, eu vivia saindo de casa, vivendo a vida. Como a primeira dog, ela gostava mais da minha mãe, que dava seu gostoso almoço todos os dias, e estava sempre perto pois saía bem menos que eu, à época.
A Pitty também veio sem a gente esperar. Flor, então com 2 aninhos, ficou no cio, e sob os cuidados(ou descuidados, no caso) do meu irmão mais velho, numa saída da minha mãe, engravidou do poodle do meu tio, que veio numa visita. Não acompanhei a gravidez dela, pois já tinha saído de casa, a essa altura. Flor não foi uma boa mãe, como boa mimada que era. Não queria saber de dar de mamar pros filhotes, e num dia, em que ficou sozinha com eles, pois minha mãe precisou sair, um deles morreu. Minha mãe acha que a cã, num desses ímpetos da natureza selvagem que faz mães matarem os próprios filhotes por perceber que são fraquinhos demais, o matou. Mas nunca teremos certeza disso. Então nasceram 5 filhotes, sobrando 4, e todos foram doados, mas sobrou a Pitty. E quando finalmente alguém se interessou por ela, minha mãe já tinha se apegado demais, e não quis mais saber de doação, apenas ficou com ela.
Estreitei meus laços com as duas logo após a morte do meu pai. Minha mãe não queria ficar mais sozinha naquela casa, que tanto lembrava ele, e foi passar um tempo, até conseguir se organizar para alugar um canto, na casa da minha avó. Mas o local era pequeno, e minha avó não era muito fã de cachorros, então elas vieram ficar comigo e Maurinho, no nosso segundo kitnet, em dois anos de casados. Foi aí que o Maurinho também teve o coração irremediavelmente roubado por essas duas bolas de pêlo. Depois disso fomos morar com mamãe, todos juntos, e minha relação com a Flor se intensificou. Eu não vou saber colocar em palavras a nossa ligação. É aquele tipo de coisa que não tem explicação, nem lógica. Eu era louca por ela, ela era louca por mim. Eu dizia que ela era minha alma gêmea, de tão parecida que acabou ficando, comigo. Estava sempre me seguindo, aonde quer que fosse. Tivemos uma ligação que sei que nunca mais vou ter, com outro animal. Sem querer desmerecer qualquer sentimento, pois eu AMO animais, basta ver um, e já fico apegada. Sempre fui dos bichos, de me emocionar com filmes, ou resportagens acerca desses seres lindos e perfeitos. Cachorros em especial. Todo cachorro que eu tiver, vai ser muito amado e bem cuidado. Mas aquilo entre eu e a Flor, duvido que aconteça novamente, e é isso.
Então você imagina a dureza que foi, perder as duas, nesse 2020 sem misericórdia? Sou péssima para lidar com mortes, então a Flor deixou um buraco no meu peito, que não sei se vai sarar, algum dia. Aí me apeguei com a Pitty, sentindo que um pedaço da Flor ainda estava comigo. E então, ela adoeceu, e se foi, também. Sabíamos que a Pitty não duraria muito mais tempo, sem a Flor, por quem era intensamente apegada, pois não desmamou, né? Nunca ficou sozinha, Flor sempre foi sua companhia. Mas achávamos também que ainda teríamos um tempo maior, ao menos não ainda esse ano, pra passar por um novo luto. Escrevo com lágrimas escorrendo, pois está tudo ainda muito recente, mas sinto que precisava colocar isso em palavras, talvez pra exorcisar um pouco dessa dor. Não sei.
Amo vocês, minhas crianças. Espero que esse mundo não seja tão ruim como parece, e um dia, possamos nos reencontrar, e ser felizes e completas, novamente.
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